Dicas para ajudar seu filho a enfrentar as provas da escola
Especialistas recomendam atitudes positivas para serem tomadas antes, durante e depois o período de avaliação escolar.
Educar para crescer
Texto Luciana Fleury adaptado por Vanusa Maganha
Basta a escola informar as datas previstas para a famosa ‘semana de provas’ para que um clima de tensão se instale em sua casa e a rotina de estudos sofra uma drástica mudança? Atenção. As provas são parte importante da avaliação e, claro, o baixo desempenho pode levar à repetência, porém, elas devem ser encaradas como uma simples rotina.
Como evitar o desgaste de perceber, na véspera da prova, que seu filho não absorveu o conteúdo mínimo necessário ou que tem muitas dúvidas sobre determinado assunto? Como ajudar diante da grande quantidade de disciplinas e assuntos que são cobrados neste momento?
Garantir que seu filho estude um pouco a cada dia, desde o começo do ano, de forma organizada e contando com seu acompanhamento é um primeiro passo a ser dado.
‘Isso significa fazer a lição de casa e os trabalhos solicitados, mas também rever o conteúdo passado em cada aula, diariamente’, explica a psicopedagoga Marcia Zebini.
‘O ideal é, junto com a criança ou adolescente, montar uma tabela com as disciplinas que serão estudadas a cada dia da semana, determinando um horário para que isso seja feito’. Ela sugere, por exemplo, no caso de quem estuda pela manhã, que a segunda-feira à tarde seja dedicada para revisar os conteúdos das disciplinas das aulas previstas para terça-feira. A estratégia permite o aluno perceber se tem dúvidas e resolvê-las com o professor já na aula seguinte e também deixa os assuntos ‘frescos’ para a complementação que virá.
A participação dos pais neste processo é imprescindível. É necessário envolver-se, acompanhar e motivar os filhos, mostrando que o aprendizado tem um sentido e significado para além da prova, pois o conhecimento adquirido na escola servirá para os desafios pessoais e profissionais da vida.
O estudo contínuo deixa a aprendizagem mais fácil, amplia a confiança do estudante para os momentos de avaliação e, assim, ajudam a tornar a escola algo prazeroso.
Mais do que uma rotina de estudos, é preciso estabelecer um verdadeiro pacto por seu cumprimento. A primeira recomendação dos especialistas é não infantilizar a relação, achando que seu filho não dará conta de tudo ou que é muito esforço para ele. Saiba que os conteúdos programados pela escola são pensados dentro da capacidade de aprendizado de cada faixa etária. A segunda orientação é evitar descumprir o combinado, permitindo que, por qualquer motivo, seu filho adie o começo das tarefas. E o mais importante: mostre para seu filho que não vale a pena ‘mentir para si mesmo’. Fechar-se no quarto dizendo estar estudando ou ficar horas com o livro aberto, sem realmente estar prestando atenção no que lê são formas muito conhecidas de somente fazer o tempo passar, sem real utilidade. Vale uma conversa franca sobre responsabilidade e mostrar que se está depositando confiança de que, no momento combinado, ele estará verdadeiramente engajado e não enganando a si mesmo.
É preciso avaliar se o conteúdo que está anotado no caderno está legível e completo, se os exercícios do livro estão sendo feitos e corrigidos. Afinal, eles servirão de base para o estudo em casa.
Sugerir que seu filho faça um resumo do que entendeu da matéria dada é um ótimo exercício. Isso faz com que ele mesmo perceba quais pontos não estão suficientemente claros. Além disso, bons resumos serão ótimos aliados para rever o conteúdo de aulas passadas.
Para ajudar a organizar os estudos, muitos professores indicam os principais temas que serão abordados na próxima avaliação. Esta é uma ótima oportunidade para verificar se o plano de estudo de seu filho não deixou nenhum item de fora ou se é preciso complementar. Um bom sinal é quando seu filho não demonstra estranhamento diante dos temas informados e sabe identificar facilmente qual conteúdo está relacionado com cada um deles.
Durante a semana de provas, se seu filho seguiu uma rotina de estudos, não há porque fazer cobranças de última hora, como resolver tomar todo o conteúdo nos dias que antecedem as provas.
Vale lembrar para seu filho que as provas são importantes ferramentas para que os professores possam identificar conteúdos que não foram bem assimilados pela classe como um todo e por alunos em particular. Deixe claro que todo o esforço deve ser para mostrar o quanto se conseguiu aprender, mas que também é possível aprender com erros.
Mostre-se totalmente disponível para ajudar seu filho nos dias que antecedem a prova. Vale abrir mão de alguma atividade rotineira caso ele mostre que quer sua presença. Pergunte se ele quer que você faça perguntas sobre os temas previstos ou que leia os resumos que ele resolver escrever. Caso ele não peça nada, diga que ficará por perto, disponível, enquanto ele revisa algum ponto. O importante é não querer impor o seu jeito de estudar exatamente neste momento.
Caso flagre seu filho criando algum artifício para colar ou combinado a prática com um colega, seja rígido e não compactue com isso, deixando claro que não aceitará qualquer tentativa neste sentido. Mostre que de nada adianta tentar obter um resultado que não reflete o que ele realmente aprendeu, pois uma dificuldade não resolvida agora só irá aumentar nas séries seguintes.
Se seu filho estiver muito ansioso ou nervoso, poderá acordar no dia da avaliação queixando-se de dor de cabeça ou de barriga e até mesmo ficar febril. É preciso sensibilidade para identificar se os sintomas estão diretamente relacionados à ocorrência da prova. Se for isso, os especialistas recomendam acalmar a criança ou adolescente, mostrando que não há nada a temer e, preferencialmente, fazer com que ele vá para a escola e enfrente a realização da prova. Isto para evitar que a somatização vire uma ‘muleta’. Mas fique atento: caso a situação se repita, é importante uma conversa com a orientação da escola e com o médico da família para avaliar se o problema é físico ou emocional para procurar ajuda especializada.
Depois das provas, um erro comum cometido pelos pais é assumir a responsabilidade pelo baixo desempenho escolar do filho. É preciso evitar este tipo de sentimento, que acaba, de forma indireta, menosprezando a capacidade do filho de lidar com suas próprias responsabilidades.
É muito importante analisar, junto com seu filho, a prova corrigida. Com calma, sem pressão, repasse questão por questão, valorizando os acertos e convide seu filho a tentar enxergar qual erro cometeu e por quê. Não é o momento de criticar se uma falta de atenção causou o erro, por exemplo. Adote uma postura positiva para que seu filho realmente aprenda com os erros cometidos.
A análise de erros e acertos na prova ajuda a avaliar mais profundamente o conhecimento que seu filho possui, que vai além da nota registrada. O professor terá, claro, de considerar errado um exercício de Matemática cujo resultado não seja o esperado. Mas você pode perceber que seu filho conseguiu entender a lógica do cálculo solicitado e errou em contas básicas, por exemplo. Ou que ele não soube responder uma das questões de Geografia, mas que deu uma resposta completíssima para outra pergunta.
Ao receber os resultados da avaliação, vale refletir se as possíveis dificuldades apresentadas podem ser solucionadas com mudanças na rotina estabelecida, como por exemplo, dedicar mais tempo a determinadas disciplinas.