Não é de hoje que passamos desapercebidos diante de “coisas” completamente grandiosas e necessariamente perceptíveis. Porém, fechados em nossos carros, em nossos mundos, em nossos objetos (telefones, tablets, computadores), mesmo que façamos o mesmo trajeto várias vezes por dia, nossa concentração e pressa em “sabe-se lá o quê”, geralmente nos tira a percepção de como realmente são os lugares de nosso cotidiano (ruas, praças, prédios, etc).
Pensando nisso, em como nosso mundo é estranho demais quando reparamos nele, apresento, no início do ano letivo, o mundo aos alunos do sexto ano. O mundo que existe, que é deles, mas que geralmente passa despercebido, pois estão “ensimesmados” demais para reparar nas construções, nas casas, no mundo.
Sendo assim, os levo ao ponto mais alto da escola, e lhes peço para observarem tudo que estiver no entorno, sem pressa, sem obrigações.
Após o tempo que lhes for necessário, prossigo e, na próxima etapa, peço que mapeiem o horizonte do lado leste da nossa observação (entendam que simplesmente peço que “desenhem o que vocês vêem naquela direção).
O que se desdobra, em geral, são os alunos preocupados com a beleza da arte exposta em folhas de caderno, cores das árvores e, com muita surpresa, descobertas do bairro que eles moram desde que nasceram.
E assim, sem mais, aprendem a mapear, aprendem os pontos cardeais, a se localizar com referências não-instrumentais, aprendem a serventia das coisas, encontram uma rua nova, um caminho alternativo e, finalmente, desconstroem todo o mito de “a matéria da escola é só para a prova”.